domingo, 5 de outubro de 2014

Resenha de Filme - Meteora

Meteora. A Mulher Do Padre Ortodoxo.
Curiosa essa co-produção alemã e grega de 2012. Diferente de tudo o que vemos, “Meteora” é um filme que se propõe a analisar o cotidiano de uma comunidade católica ortodoxa nas planícies quentes da Grécia Central. Dois gigantescos pilares de arenito têm em seus cumes monastérios ortodoxos cuja rotina é regada a muitas orações e cânticos. Num dos monastérios, vive o monge Theodoros. Noutro, vive a freira Urânia. O pilar de Theodoros tem uma longa escadaria. Já o pilar de Urânia é um penhasco onde as freiras descem numa rede que é uma espécie de elevador improvisado. Além da vida enclausurada dos religiosos, eles também interagem com uma comunidade próxima, onde Theodorus escuta recitais de flauta de um dos camponeses locais. Tudo permaneceria na mesma não fosse os contatos de Theodorus e Urânia. Há uma singela comunicação entre os dois pelas janelas dos monastérios, onde é usada  a luz do Sol nas janelas refletidas com espelhos ou imagens douradas de Cristo, mostrando a cumplicidade entre os dois. Num piquenique que o casal religioso fará, eles vão conversar sobre casos de tentação conhecidos no meio católico, até que Theodorus investe contra Urânia, que inicialmente resiste, mas depois cede às tentações da carne.
O filme não vai muito além disso. A comunidade não descobre o caso entre os dois e fica subentendido que os encontros sexuais secretos são mantidos. A novidade desta película são as animações que contam certas passagens do filme, com desenhos altamente inspirados na estética da arte católica ortodoxa. A maioria das situações descritas nas animações tinha uma natureza simbólica dos castigos sofridos pelos dois caso eles sucumbissem às tentações da carne. Mas outras situações apareciam, como as longas madeixas de Urânia, que ela resistia em mostrar para Theodorus. Até no ato sexual, Urânia toda nua, mas seus cabelos cobertos pelos panos religiosos. Na animação, no entanto, eles aparecem em toda a sua exuberância.
No mais, não há muito que chame a atenção. A única coisa altamente angustiante foi o sacrifício de um carneirinho para o piquenique de Theodorus e Urânia. O camponês mata o bichinho que grita em desespero como um humano choroso que clama por sua vida. Foi um momento do filme que muito incomodou, dada a crueldade da coisa.
Um outro elemento que chama a atenção é o nome do filme e o nome da protagonista. “Meteora” é uma palavra grega que tem a ver com a atmosfera e Urânia é a deusa da astronomia. Ou seja, duas alusões ao mundo dos céus. Não é à toa que os monastérios estão elevados em pilares de arenito e nosso casal de religiosos precisam descer deles para seus encontros sexuais considerados pecaminosos pela liturgia ortodoxa, numa simbologia da ida do céu ao inferno para se fazer as fornicações em cavernas às escondidas.

Assim, “Meteora” aborda mais uma vez a questão da tentação do sexo dentro do meio religioso. Um tema até batido nos meios católicos romanos, agora exibido nos meios católicos ortodoxos. É de se lamentar que o tema não tenha sido mais explorado. Os religiosos poderiam ter descoberto o caso e tornado alguma atitude punitiva com relação aos dois. De qualquer forma, as animações trouxeram um colorido especial ao filme. E poder testemunhar os rituais católicos ortodoxos, tão distantes de nossa realidade, constitui uma interessante curiosidade nesse filme de cadência excessivamente lenta. 

Cartaz do Filme.


Theodorus e Meteora. Casal que desafia tradições religiosas.


Piquenique e aproximação.


Pilares de arenito. Mundo dos céus


Madeixas de Urânia somente nas belas animações.


Liturgias nas animações


Cena de sexo. Nudez sem cabelos à mostra.

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