sábado, 19 de julho de 2014

Resenha de Filme - A Montanha Matterhorn

A Montanha Matterhorn. Um Estranho Casal.
Mais um filme belga digno de atenção. “A Montanha Matterborn”, escrito e dirigido por Diederick Ebbinge, conta uma história muito estranha, mostrando até onde pode ir a imprevisibilidade das relações humanas, com lances para lá de surpreendentes e que muito nos fazem refletir. Vamos falar um pouquinho sobre esse curioso filme.
Vemos aqui a história de Fred (interpretado por Ton Kas), um homem que vive numa pequena comunidade extremamente religiosa. Um dia, um estranho homem aparece, Theo (interpretado por René Van’t Hof) e Fred acaba o acolhendo, ao perceber que o pobre homem tem problemas mentais. Isso desperta a revolta da comunidade, principalmente de Kamps (interpretado por Porgy Franssen), que tem como hobby a fotografia e é um dos membros mais religiosos. As pessoas no vilarejo começam a desconfiar da sexualidade de Fred. Mas ele banca a convivência com Theo, que adora carneiros e imitá-los. Ao fazer isso num supermercado, ele provoca risos num casal, que quer contratá-lo para animar a festa de aniversário da filhinha. Assim, Fred e Theo levam à frente esse negócio, o que provoca o afastamento de Fred da comunidade e seus rituais religiosos, para o desespero de Kamps. Os passados de Fred, Kamps e Theo estão envolvidos em várias querelas pessoais e emocionais que são altamente inusitadas e imprevisíveis, onde a afetuosidade reprimida pela religião e por lances absolutamente casuais acabam justificando relacionamentos homossexuais inesperados. Há, também, a história da esposa de Fred, Trudy (interpretada por Elise Schaap, que é a cara da Lorena Calábria, apresentadora do “Cine Conhecimento”, da TV Futura), que morreu num acidente. Esse fato também está ligado aos problemas mentais de Theo. Há uma história mal resolvida entre Fred e seu filho, que só será citada mais ao final do filme. Fred também tem como objetivo ir à Montanha Matterhorn, na Suíça, local onde ele pediu sua esposa em casamento. Fred quer fazer isso com Theo ao seu lado, de quem ele está cada vez mais íntimo.

A grande lição que o filme nos dá é a de que sentimentos de ausência e falta de afetividade fragilizam o ser humano a um tal ponto que, quando ele encontra um apoio, um anteparo, se agarra totalmente a ele, não importa quem seja e como seja. Fred e Kamps tinham carências afetivas extremas e a figura de Theo surgiu como a tábua de salvação dos dois, por mais estranho que isso possa nos parecer. Assim, o tema principal da trama não é um homossexualismo latente, mas sim um estudo sobre a vulnerabilidade humana em momentos de crise. O mais interessante é que, apesar do tema complexo e sério, a história ainda é uma excelente comédia, que amarra e interliga bem as trajetórias de cada personagem, provocando grandes surpresas e levando a bizarros momentos de ternura. Um filme que prende a sua atenção do início ao fim e que arrancou aplausos da plateia ao fim da exibição por sua originalidade e pela forma envolvente que a trama foi contada. Vale a epígrafe de Johann Sebastian Bach ao início da história: “Fazer a música é fácil. O negócio é apertar as teclas certas na hora certa”.  Ou seja, por mais inusitadas que tais situações possam aparentar, as oportunidades aparecem no momento oportuno e devem ser aproveitadas. Esse filme merece uma boa conferida. 

Cartaz do filme.


Fred e Theo. Um estranho casal.


Jogando bola.


A paixão de Theo pelos carneiros.


O transforma em animador de festas.


Indo na contramão da religião.


 Kamps (de óculos). Triângulo amoroso?



Elise Schaap, a Trudy. É ou não é a cara da Lorena Calábria?


A dita cuja.


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