sábado, 26 de julho de 2014

Resenha de Filme - Filha Distante

Filha Distante. Ajuste De Contas Com O Passado.

Uma produção argentina de 2012 chegando só agora por aqui. O filme “Filha Distante”, de Carlos Sorín, tem como título original “Dias de Pesca”. E o filme foi mais a pesca que a filha, que realmente estava bem distante, em todos os sentidos. Vemos aqui a história de Marco Tucci (interpretado por Alejandro Awada), um homem de meia idade que se recupera do alcoolismo e começa vida nova, onde ele precisa de um hobby para distraí-lo. Marco, então, elege a pesca como sua distração e se despenca de Buenos Aires para a Patagônia, bem ao sul da Argentina, para aproveitar a temporada de pesca do tubarão. Mas Marco também procurará sua filha Ana (interpretada por Victoria Almeida), que vive nessa região. O pai se afastou da família e agora Marco quer se redimir. Mas o encontro com a filha será cheio de percalços. Em primeiro lugar, ela não mora mais no endereço que o pai tinha. Marco então irá colocar um anúncio na rádio, que será ouvido pela vizinha de Ana, que está numa cidade a mais de cem quilômetros da cidade onde Marco está. O reencontro entre pai e filha é excessivamente frio e formal. O pai convida Ana e o marido para assistir a um show de música... brasileira. Mas Ana não quer reviver o passado e rechaça o pai que, segundo ela, destruiu a vida de sua mãe e não quer que ele destrua a vida dela. Foi uma pena ver esse tema do encontro entre pai e filha pouco aproveitado. Tinha tudo para ser o tema principal. Mas o que mais apareceu no filme foi realmente a viagem de Marco e suas experiências, com pequenas historietas paralelas: o treinador de boxe, que tem uma lutadora como pupila, o acampamento à beira mar de colombianos viciados em maconha, a sua experiência mal sucedida de pescar tubarões que o leva ao hospital com uma crise de enjoo. Apesar do filme deixar no ar uma previsão otimista sobre a aproximação do pai e da filha, ficamos com a impressão de que o filme é um grande desperdício de celuloide se ele quer se chamar de drama. Mas, se fosse um documentário sobre a Patagônia, seria um celuloide muito bem aproveitado, pois as imagens do local são belíssimas. É lamentável que o filme tenha tomado mais um tom de road movie do que de drama. A crise de relacionamento entre pai e filha tomava contornos interessantes e, quando esperávamos mais desenvolvimento nessa direção, há um corte abrupto e injustificável. Choque de crueza de realidade? É a única explicação que me vem à cabeça. Mas fica com aquele gostinho de quero mais drama. Pelo menos, quando eu for pescar tubarão, já sei qual é o tipo do molinete que devo usar. Espero, pelo menos, que Marco tenha pescado Ana (no bom sentido, é claro), nos pós-créditos...

Cartaz do filme


Marco e Ana. Pai e filha num relacionamento difícil.


Conhecendo o neto.


Experiência desastrada de pesca.


Um homem em busca de si mesmo.

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