sábado, 14 de junho de 2014

Resenha de Filme - A Batalha de Solferino

A Batalha De Solferino. Guerras Públicas E Privadas.
O filme francês “A Batalha de Solferino”, dirigido por Justine Triet em 2013, trabalha conflitos na esfera pública e privada de uma maneira bem inusitada: durante a campanha eleitoral de 2012, que definiria quem seria o presidente da França, o direitista Sarkozy ou o esquerdista Hollande. A repórter de TV Laetitia, mãe de duas crianças pequenas, precisa trabalhar em pleno domingo para cobrir as manifestações de rua durante a votação. Ela deixará as filhas sob os cuidados de um babá. Tudo corria bem até que Vincent, o ex-marido e pai das meninas, chega para fazer uma visita. Laetitia fica muito incomodada com a visita de Vincent, que é instável emocionalmente e dá ao babá instruções bem específicas de não deixar Vincent entrar. Mas o pai tem uma carta de um juiz autorizando a visita. O babá deixa Vincent entrar, mas o pai é expulso com a ajuda do vizinho. Enquanto isso, Laetitia pede que o babá leve as crianças para as ruas e o meio da multidão, por medo de Vincent, que também irá surtar quando sabe que suas filhas estão em todo o tumulto eleitoral. Essas duas histórias em paralelo – o processo eleitoral francês e o drama familiar de nossos personagens – são facetas de situações públicas e privadas que tinham em comum um contexto altamente conflituoso. No caso do processo eleitoral, há todo um choque entre partidários de esquerda e direita durante o dia e, após a vitória do esquerdista Hollande, manifestantes entravam em choque com a polícia. Já no caso privado, os atritos entre Laetitia e Vincent, que se revelaram dois surtados de altíssimo nível, irão explodir durante a madrugada, quando Vincent chega a casa de Laetitia com seu amigo que trabalha num escritório de advocacia e faz o papel de defensor dos interesses de Vincent. O litígio entre os membros do ex-casal é tão gritante que os dois chegam às vias de fato, quando tudo poderia ser resolvido na conversa. Mas a instabilidade emocional dos dois torna impossível qualquer entendimento, assim como os pequenos conflitos entre manifestantes e a polícia pelas ruas que não tinham qualquer razão aparente. Ou seja, o filme “A Batalha de Solferino”, pode ser visto como um verdadeiro dia de fúria na esfera pública e privada, com corações e mentes em ebulição. Pouquíssima razão, quase que total emoção. Como se dizia por aí, nitroglicerina pura...

Com relação aos elementos cinematográficos, fica o elogio às tomadas em que nossos personagens estão imersos na grande massa humana, onde a naturezas caóticas das esferas pública e privada interagem com maestria. Bela sacada do diretor, que manifesta a turbulência emocional na materialidade da imagem...

Cartaz do filme. Retrato do caos.


Laetitia. Mãe e repórter.


Vincent (de barba). Só queria visitar as filhas.




Vincent e Laetitia. Instabilidade emocional total.


Multidões descontroladas e nossos personagens. Caos que interrelaciona público e provado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário