sábado, 24 de maio de 2014

Resenha de Filme - A Última Sessão

A Última Sessão. Cinefilia Macabra.
Junte o amor pelo cinema com a violência de um serial killer e você terá o filme “A Última Sessão” (Dernière Séance, de 2011), de Laurent Achard. Esse filme francês é uma película curiosa, pois consegue promover a interação de sentimentos e elementos muito díspares.
Vemos aqui a história do operador de cinema Sylvain (interpretado por Pascal Cervo), cuja salinha do bairro está à beira de ser fechada por não ser muito rentável. Enquanto as sessões de cinema acontecem, nosso protagonista é um pacato amigo da vizinhança, que exibe os velhos e repetidos filmes para todos mas, após a última sessão, ele sai às ruas e procura mulheres cujos brincos lhe chamam a atenção e ele as mata impiedosamente com sua faca, arrancado posteriormente as orelhas de suas vítimas com brincos e tudo. No quartinho onde mora dentro do cinema, ele tem fotos de atrizes do cinema afixadas na parede, onde ele vai anexando as orelhas com brincos que ele arruma na rua. Mas a foto enigmática de uma mulher ocupa uma posição central no quarto. O mundinho macabro de Sylvain está ameaçado pela venda do cinema pelo seu dono, que não consegue mais lucrar com a sala. Outro elemento que irá agitar a vida de nosso protagonista é o dia em que ele encontrará uma espectadora dormindo na sala vermelha (cor muito sugestiva para o contexto, por sinal!) pela qual se apaixona e que é uma atriz de teatro iniciante. Inexplicavelmente o operador poupa a atriz novata enquanto promove sua carnificina particular com outras vítimas. Após mais um assassinato, temos um flash back e entendemos a neura toda de Sylvain: sua mãe, que é a mulher misteriosa da foto, o forçou a ser artista, ensaiando exaustivamente uma cena com ele em que havia uma briga de mãe e filho, com o filho arrancando o brinco da mãe. Ela era cinéfila e tinha várias fotos de atores e atrizes pela casa, dizendo ao filho que ele seria tão famoso quanto todas aquelas estrelas. Mas o teste para tornar o menino ator falhou, para desespero da mãe, que se suicida na frente do filho com uma facada. Isso tornou o garoto o terrível serial killer que conhecemos e que não encontrava um par de orelhas com brincos adequados para a foto da mãe por mais mulheres que ele matasse. E ele matou um monte de gente. Prostitutas, líderes de torcida, taxistas, o dono de seu cinema e a mulher que queria compra-lo. Só não matava a atrizinha com cara de boba. Mas o desfecho será trágico. Após uma noite de amor com a mocinha com quem se apaixonou, ele vai encontrar dentro de seu pequeno templo de orelhas o dono do cinema, estarrecido com aquela nefasta visão e o mata. Quando a namoradinha flagra o corpo do homem morto, totalmente ensanguentado, o operador a surpreende e, quando pensamos que ela será totalmente retalhada, nosso protagonista golpeia sua própria barriga com a faca. Moribundo, ele coloca um can-can francês na telona e sucumbe diante do glamour do star system, totalmente coberto de sengue. Decididamente, uma forma muito peculiar de demonstrar sua paixão pela sétima arte.

De qualquer forma, “A Última Sessão” é um filme bem interessante por trabalhar o suspense e o terror associados a cinefilia e os cinemas de bairro. Até nas poças de sangue a coisa é intelectualizada quando se trata de cinema francês.

 Cartaz do Filme


Sala de cinema vermelho sangue.


Banho de sangue!!!


Mãe zureta pirou o menininho...

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