sexta-feira, 14 de março de 2014

Resenha de Filme - Spartacus

Spartacus: Mais Uma Grande Obra de Kubrick.
O filme “Spartacus”, dirigido por Stanley Kubrick em 1960, é mais um filmão desse grande diretor americano. Além de ter 197 minutos (com direito a um intervalo no meio do filme), é uma superprodução com atores para lá de consagrados e ganhadora de quatro oscars. O filme teve a produção executiva de Kirk Douglas, que faz o papel do escravo Spartacus. Vamos falar um pouco desse grande filme.
A história se passa em Roma ainda na fase da República, quando o general Júlio César, que seria um dos grandes nomes dessa época, ainda era jovem.  A escravidão já era uma prática adotada pelos romanos em suas províncias e Spartacus era um escravo rebelde que trabalhava numa mina. Após morder o tendão de um centurião romano, ele foi condenado à morte por inanição. Mas foi comprado pelo mercador de escravos Batiatus (interpretado pelo grande Peter Ustinov, o inesquecível Nero de “Quo Vadis”), que treinava escravos para serem gladiadores. Spartacus conheceu lá o oficio da luta e a bela escrava Varínia (interpretada por Jean Simmons). Um dia, surge por lá o general Crassus (interpretado por ninguém mais, ninguém menos que Laurence Olivier; quem não o conhece, veja filmes como “O Morro dos Ventos Uivantes”, “Maratona da Morte” e “Meninos do Brasil”, além de seu grande sucesso, “Hamlet”), que quer ver um duelo de morte de duas duplas de gladiadores. Spartacus é escolhido e derrotado, mas o escravo que o venceu prefere investir contra Crassus e é assassinado. Crassus se interessa por Varínia e ordena que Batiatus a leve para Roma. Quando isso acontece, Spartacus assassina o capataz e inicia uma revolta que leva a fuga dos escravos. A partir daí, Spartacus monta um exército para fugir com os escravos ao sul e se mandar da Itália, contando com a ajuda de piratas silésios. Durante a marcha dos escravos, Spartacus reencontra Varínia que havia fugido de Batiatus. Spartacus chega a derrotar um exército romano desprevenido, liderado pelo incompetente Glabrus (interpretado por John Dall), protegido de Crassus. Mas a movimentação das tropas romanas faz com que os silésios descumpram o acordo. Cercado no sul, Spartacus só tem uma opção: marchar em direção a Roma. Lá ele recebe um ataque surpresa pelos flancos e é derrotado. Varínia é capturada por Crassus que, apaixonado por ela, tenta seduzi-la em vão, pois o narcisismo de Crassus e sua devoção a Roma o cegam de tal forma que ele não entende a paixão ardorosa de Varínia por Spartacus. Todos os escravos capturados foram crucificados na Via Ápia, pois não delataram Spartacus. Mas Crassus, com sua intuição, descobre Spartacus, pois ele tinha um escravo de nome Antoninus (interpretado por Tony Curtis), que era poeta e mágico. Ao perceber certos arroubos homossexuais de Crassus, Antoninus deu no pé e se juntou ao exército de Spartacus. Agora, preso em ferros, andando em fila com os outros prisioneiros na estrada, Antoninus foi descoberto por Crassus, sob o olhar atencioso de Spartacus, que estava próximo. Crassus percebeu a atitude de Spartacus e ordenou que os dois fossem crucificados por último, já as portas de Roma. Mas antes, Crassus ordenou que os dois lutassem até a morte. Quem ganhasse, ganharia o prêmio da crucificação. Antoninus não queria que Spartacus fosse humilhado na cruz. E Spartacus não queria que Antoninus ficasse horas agonizando. Assim, os dois duelaram para valer e Spartacus ganhou o duelo, matando Antoninus. Os dois trocaram palavras afetuosas antes da morte do poeta. Crassus, para humilhar mais, disse que Varínia estava viva, assim como o filho dela com Spartacus e ficaria com os dois. Mas Batiatus, a mando do senador Gracus (interpretado pelo sensacional Charles Laughton, falarei dele com mais detalhes), inimigo mortal de Crassus, dá ao mercador uma nota preta para que ele leve Varínia e o filho. O filme termina com Spartacus na cruz e Varínia com o filho aos seus pés, dizendo que o nome de Spartacus jamais será esquecido e o filho saberá quem foi o pai.
Alguns detalhes devem ser ditos aqui. Em primeiro lugar, foi uma superprodução com tudo o que tem direito: uma massa de figurantes (as cenas da batalha entre o exército de Crassus e o de Spartacus são antológicas), cenários grandiosos, figurinos muito bem feitos e uma fotografia deslumbrante. Em segundo lugar, a grande força do filme: o elenco. O protagonista é Kirk Douglas. Jean Simmons está muito doce e meiga, algo que podemos perceber mais claramente no som original do filme (na versão dublada, sua personagem fica um pouco mais dura), um Peter Ustinov sensacional, na pele do mesquinho e escorregadio Batiatus. Mas o grande charme do filme está na dupla Laurence Olivier – Charles Laughton. Eles são os caras!!! E vê-los interpretando juntos, como inimigos no senado romano!!!! É a mesma coisa que ver Pelé e Garrincha jogando juntos ou Fred Astaire e Gene Kelly dançando juntos. Só acontece uma ou outra vez na vida como um eclipse total do Sol, para a maioria dos humanos. Laurence Olivier é o super ator inglês, cujo filme “Hamlet” ganhou quatro oscars. Isso pode ser considerado uma façanha, pois os americanos não tinham o hábito de premiar atores ingleses que interpretavam Shakespeare, até por um complexo de inferioridade. Mas Olivier foi tão arrebatador que nem deu para disfarçar um despeitozinho. Ele é capaz de fazer papéis bem diversificados, como o amante frágil de “O Morro dos Ventos Uivantes”, o dentista nazista e sádico de “Maratona da Morte” e o cerebral caçador de nazistas de “Os Meninos do Brasil”. Já Charles Laughton, bom, esse é um dos maiores atores da história do cinema, sem qualquer sombra de dúvida. Também inglês, suas atuações são memoráveis. Vocês podem vê-lo jovem junto com Clark Gable em “O Grande Motim”, mas não o percam no grande filme “Testemunha de Acusação” (baseado numa história de Agatha Christie), onde ele contracenou SÓ com a Marlene Dietrich e Tyrone Power. O cinismo e fino humor de Crassus se torna delicioso na interpretação de Laughton, que poderia aparecer mais no filme, mas quando aparece faz a gente esquecer todo o resto da trama só para poder admirar o talento e o carisma desse grande ator!
Assim, “Spartacus” é em si só, uma grande obra-prima por tratar de um tema histórico, ter todos os contornos de superprodução e se apoiar num elenco com muitos talentos. Filme para ver, guardar e rever...



Cartaz do Filme (versão restaurada de 1991)


Kirk Douglas, em atuação memorável.


Duelo de Morte.


A belíssima Varínia (Jean Simmons)


Momento especial: Kubrick dirige cena em que Spartacus é derrotado.


Elenco do Filme: constelação de estrelas eternas!!!!!!


Tony Curtis, como o poeta Antoninus.


Peter Ustinov: bela atuação como Batiatus.


Laurence Olivier (Crassus): estrela supergigante.


Charles Laughton (Gracus): um dos maiores nomes do cinema!!!

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