segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Resenha de Filme - Feito Gente Grande

Feito Gente Grande: Crescemos Mesmo?

Mais um filme francês. “Feito Gente Grande” conta a história de uma menininha, Rachel (interpretada por Juliette Gombert), filha única de uma família judia, que passa a fazer sessões de análise, já que dorme praticamente de uniforme e pasta da escola nas costas. Os pais, por serem judeus e pelo filme passar no início da década de 1980, tiveram uma infância difícil em virtude das perseguições da Segunda Guerra Mundial (o pai, inclusive, foi sobrevivente de Auschwitz), o que faz com que a menina nunca possa pedir um brinquedinho mais carinho ou um conforto a mais, já que os pais tiveram uma infância de tanto sofrimento e a mãe acha que a filha deve ser condicionada desde cedo a abraçar causas sociais como combater a fome na África. A partir das sessões de análise (tendo como psicóloga a atriz Isabela Rosselini), Rachel começa a pôr as coisas em ordem. E a sua vida se transforma mesmo na escola, ao conhecer a amiguinha Valérie (Anna Lemarchand), uma menina muito espevitada, filha de mãe separada, não tão protetora quanto os pais de Rachel. O barato desse filme será, então, a interação entre essas duas famílias e, principalmente o relacionamento Rachel-Valérie e como esse relacionamento muda as duas meninas. Tudo isso dentro da visão das crianças, num universo infantil que torna o filme bonitinho e fofinho. Vemos, então, situações como a paixão de Valérie pelo pai de Rachel, o quase caso entre o pai de Rachel e a mãe de Valérie, a mãe de Rachel revigorando seu casamento depois que a mãe de Valérie diz que o marido realmente ama muito a mãe de Rachel, o voyeurismo de Rachel e Valérie ao virem a sua professora se relacionando sexualmente com o professor de educação física, as primeiras expressões de baixo calão faladas pelas menininhas, etc., tudo isso num ambiente lúdico e de inocência que contrasta às vezes com expressões mais pesadas, o que dá um tom gostosinho de humor ao filme. Tudo seria muito legalzinho não fosse pelo destino de Valérie, que morre devido a complicações de uma cirurgia de apendicite (complicações essas surgidas em virtude de sua hipertrofia no coração, ao que Valérie dizia inocentemente que tinha um grande coração!), sendo uma dose de choque de como a vida pode ser cruel às vezes, desmoronando todo o castelo de cartas de uma visão mais prosaica e amena das crianças. Outro detalhe que chama a atenção está no fato de que os próprios adultos revelam ter suas inseguranças, principalmente a mãe de Rachel, Colette (interpretada por Agnès Jaoui), numa mostra de que não é só as crianças que precisam de sessões de análise. Fora isso, temos uma comediazinha leve, despretensiosa, que aborda muito o Universo infantil. Uma sessão da tarde à francesa em pleno Estação Botafogo. É isso que a gente pode dizer de “Feito Gente Grande”. Entretenimento leve. Como dizia aquele locutor ancestral, “simplezinho, mas bonitinho”. Nada mais que isso...

Cartaz do Filme


Valérie e Rachel


Isabela Rosselini, a psicóloga


Rachel com seus pais.


Pai de Rachel entre irmão e mãe de Valérie.

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