segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

O Barroco



Eu estou em permanente conflito.
Do ser humano, amo tudo que ele tem de mais bonito.
Era como diziam os renascentistas:
com sua inteligência, o homem faz coisas infinitas.
Ele cria a ciência e a tecnologia,
melhora o nível de vida todo o dia.
Suas conquistas são como preciosas minas
tão etéreas, praticamente divinas.

Mas também amo - e temo - a Deus.
Quero a minha salvação e a dos meus.
Os religiosos dizem que estou abaixo do Salvador,
e é aí que começa a minha dor.
As conquistas humanas são coisas de pecador.
Ao valorizar o homem, parece que de Deus perco seu amor.
E, condenado ao inferno estou!
Assim não sei mais quem sou!

Por que é heresia valorizar o humano?
Por que isso me torna tão mundano?
Não podemos ter a liberdade de criar
sem violar a premissa de a Deus adorar?
Somos maravilhosos e sensatos.
Por que ofendemos a Deus com nossos atos?
Será que a religião só valoriza a obediência
e encara a liberdade do homem com demência?

Chego a essa última estrofe arrasado.
Renuncio à grandeza do homem amargurado.
Mas Deus é mais poderoso que eu.
Por isso, minha crença no homem morreu.
Entrego minha alma à salvação
para que Deus possa tomar uma decisão.
Mas, realmente, tudo o que eu queria
era conciliar paixão e fé sem vilania.

2 comentários:

  1. Belo dilema, todos vivemos esse conflito dessa cultura judaica cristã, após a queda, tudo se dividiu entre o bem e o mal. Mas parto de uma premissa se Deus é tudo, Deus é nada, sendo assim, pulsa Deus nas suas palavras, assim como as imagens generosas que me levaram. Suspeito que Deus esta em ti, assim, como na flor, na dor, e no amor. A poesia tem essa magia, de mostrar que Deus esta acima do que nos querem fazer crer. Salve poeta, arauto do Salvador... Sérgio Cumino

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  2. No amor não há vilania
    Só céu e poesia (risos...
    Sugiro tirar a palavra seu do sexto verso da segunda estrofe.(sou chata?)É uma sugestão...
    Até.

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