quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

A Ingratidão - Série Obscura


Nota do autor: Farei uma pequena série de poesias conhecida como "obscura", que abordará alguns defeitos humanos. Serão quatro poesias. Não tenho uma intenção inicial de ampliar essa série, embora ninguém sabe o que nos reserva o amanhã. A primeira poesia vai falar de um dos piores defeitos humanos, a ingratidão...

Eu gosto de tudo dos meus amigos ganhar
para nada em troca dar.
Sou mesquinha, egoísta e insensível.
A ternura eu acho algo risível.
A afeição é uma dama horrível.
O carinho é coisa de bobinho.
O companheirismo eu vejo com cinismo.
Minha virtude é só pensar em minha atitude.

Alguns vão me condenar.
Mas eu não estou nem aí para quem quer me criticar.
Faço pouco daqueles que pensam em mim.
Que idiotas! Penso eu, como quem manipula um arlequim.
Minha intenção é eu me aproveitar das pessoas.
Tirar mais delas quanto mais forem tolas.
Porque o mundo é dos espertos
e não de quem comete atos incertos.

Qual é a minha estratégia?
Fingir-me de boazinha e te conquistar, para a tua miséria.
Então, tu cais como um patinho.
Me presenteias com todo o seu carinho.
Finalmente, quando estou farta de ti,
te descarto como algo que nunca vi.
Sem qualquer peso na minha alma,
a ruindade é o meu amálgama.

Esse é o meu estilo de vida.
Não me importo com a mente sofrida.
Só penso em mim mesmo.
Escolho minhas vítimas a esmo.
Para não parecer que tenho alvos escolhidos.
Você sabe, dissimulada eu sou para cobrir indícios.
Dos imbecis, tudo tirarei
e com remorso jamais ficarei.

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