sexta-feira, 28 de julho de 2017

Resenha de Filme - Neve Negra

Cartaz do filme
Ricardo Darín apareceu novamente no cinema argentino. Entretanto, a gente acaba lamentando aqui a sua pouca presença em sua nova película, mesmo que seu nome puxe os créditos. Uma pena, pois “Neve Negra” se revela um bom filme de drama psicológico, com uma pitada de suspense, embora o filme tenha sido vendido da forma completamente oposta.
Vemos aqui a história de Salvador (interpretado por Darín), um homem que vive recluso nas gélidas florestas da Patagônia. Ele vive de sua caça, pois está a quilômetros e quilômetros de distância de qualquer coisa civilizada. Salvador tem um irmão, Marcos (interpretado por Leonardo Sbaraglia), que vem a sua cabana com a esposa Laura (interpretada por Laia Costa). O assunto que levam os dois à casa de Salvador é a venda da propriedade da família e a consequente retirada de Salvador do terreno. Mas isso não é o único motivo de conflito entre os irmãos. O irmão caçula havia sido morto no passado por um tiro numa saída para a caça e a culpa de tudo ficou atribuída a Salvador, o que teria sido um “acidente”. Mas essa história estava muito mal contada e, aos poucos vamos descobrindo que a verdade é muito diferente do que foi mostrado no início da película.
Salvador, um verdadeiro eremita
Como a história é demasiadamente cativante, vou parar aqui com os “spoilers”. Além do roteiro bem escrito, a gente também pode mencionar uma primorosa montagem, pois a tensão do tempo presente no filme precisa ser alimentada por uma sucessão de “flash-backs” que devem entrar nos momentos certos, numa constante interação entre presente e passado. Isso tem que ser feito de forma bem engenhosa para não criar confusão na mente do espectador, assim como a narrativa não pode ficar mais concentrada no presente ou no passado, precisando ficar bem distribuída, como aconteceu no filme. Outra virtude da película foi o clima altamente soturno que permeia toda a história, que foi vendida mais como um filme de suspense. A fotografia e a música da película sufocam o espectador com essa impressão de suspense e o clima pesado não arreda o pé da história um instante sequer. Mas creio que a principal característica do filme é a do drama psicológico, pois o passado dos irmãos foi manchado por violentos traumas, onde o isolamento dos filhos feito por um pai opressor provoca uma sucessão de pequenas tragédias que culminam na morte do filho caçula.
Marcos terá que convencer o irmão a sair da propriedade da família
Com relação aos personagens, essa é uma história mais centrada no casal Marcos e Laura. Salvador fica numa posição mais periférica e sua natureza rude e introspectiva causava uma má impressão inicial em seu personagem. Sua pouca participação no filme foi outro problema, pois não deu voz ao personagem ao longo da trama e tempo para desenvolver sua história, o que é um desperdício em se tratando de Darín e de um filme onde ele encabeça o elenco nos créditos. Ficou uma má impressão de que o ator ficou muito mal aproveitado.
Uma coisa que ficou um pouco complicada foi o desfecho, onde apareceu uma situação meio “Mandrake”, ou seja, mesmo que o cinema possa lançar mão de toda uma licença poética, a solução de todo mistério e de todo o passado nebuloso veio de forma extremamente fácil, já ao apagar das luzes da história. Teria sido muito mais saboroso se esse mistério tivesse sido desvelado aos poucos (e até o foi), mas sem um desfecho tão abrupto e pouco plausível. De qualquer forma, a história de “Neve Negra” ainda pode ser considerada muito boa e com notáveis reviravoltas.
Laura. Participação importante na trama
Assim, vale muito a pena ver Darín novamente atuando, embora tenha sido muito pouco para quem é fã de verdade desse grande ator argentino. Que bom que, pelo menos as atuações de Leonardo Sbaraglia e Laia Costa também tenham sido boas, já que o filme foi mais centrado nesses atores. Apesar de algumas situações inusitadas, “Neve Negra” é um bom filme de drama psicológico, regado a um clima soturno de suspense. Vale muito a pena dar uma conferida quando sair nas locadoras.

domingo, 23 de julho de 2017

Resenha de Filme - Clone Wars



Cartaz do Filme. Excelente animação

“Há muito tempo, em uma galáxia muito, muito distante”. Todo mundo conhece o prólogo de “Guerra nas Estrelas”. A saga criada por George Lucas, que começou no longínquo “Uma Nova Esperança”, lá em 1977, expandiu seu Universo de uma tal forma que passou por um processo de amadurecimento ao longo do tempo. Os fãs da trilogia original até torceram o nariz para esse amadurecimento (leia-se a trilogia Prequel). Mas sem dúvida a coisa se enriqueceu e se variou bastante. Se na trilogia original houve um tom mais lúdico de fantasia espacial, a trilogia Prequel buscou dar um conteúdo maior de trama política, com uma história mais densa dividindo o espaço com as empolgantes cenas de ação de sempre.

Anakin e Obi Wan terão uma difícil missão pela frente

O espaço entre as trilogias e os episódios das trilogias também passou a ser ocupado por novas histórias em várias mídias. Videogames, quadrinhos, livros, animações. Uma dessas tentativas foi o longa de animação “Clone Wars”, que se passa entre os episódios II e III da trilogia Prequel. Temos aqui uma história de muito boa qualidade, que nada fica a dever aos filmes das duas trilogias. O ambiente da animação está nas famosas Guerras Clônicas e há toda uma disputa estratégica entre o Conde Dooku (faça-me o favor de tirar o nome Dookan daqui para bem longe; devemos respeitar o original, mesmo que em português soe ridículo) e as forças da República. Jabba, o Hutt, controla todo o tráfego da Orla Exterior e é imperativo que se tenha o livre acesso a esse tráfego para se poder ter vantagem na guerra. Só que o filhinho de Jabba, um bebezinho Hutt (que fofinho!) foi sequestrado por Dooku. Obi Wan Kenobi e Anakin Skywalker, que estão na linha de frente da guerra, são chamados para salvar o pimpolho Hutt. Mas Dooku fará de tudo para culpar os dois jedis pelo sequestro. Assim, Kenobi e Anakin terão a dura missão de salvar o Huttzinho enquanto participam de uma violenta e sangrenta guerra contra o exército droide de Dooku.

Conde Dooku: mais conspirador que nunca

Essa animação traz alguns elementos interessantes. Em primeiro lugar, priorizou-se bastante as cenas de ação em detrimento das tramas políticas, que ficaram muito mais simplificadas. Já foi dito aqui que a trilogia Prequel foi muito criticada pela densidade política da história, colocando as cenas de ação da fantasia espacial mais em segundo plano. Parece que buscou-se dar mais um ar de trilogia original e seu espírito de aventura à animação, ambientada na trilogia Prequel. E o resultado foi muito bom. Até as costumeiras piadinhas ao longo dos filmes da trilogia original apareceram. Em segundo lugar, a introdução de novos personagens. O Conde Dooku tem ao seu lado Asajj Ventress, uma assassina que lembra um Darth Maul de saias, fazendo bons duelos com Anakin e Obi Wan. Mas a mais interessante personagem é Ahsoka Tano, uma twi’lek que é padawan e foi designada para ser aprendiz de Anakin. A mocinha é convencida e atrevida, onde sua forte personalidade baterá de frente com o gênio forte de Anakin, embora os dois também tenham alguns momentos mais ternos. De qualquer forma, foi divertido ver Ahsoka Tano zoando com a cara do sisudo Anakin.

Ahsoka e o huttzinho…

Assim, “Clone Wars” foi uma boa investida da Lucasfilm, pois conseguiu dar um sabor de aventura e fantasia espacial à trilogia Prequel e, ao mesmo tempo, apresentou novos personagens que interagiram bem com personagens já conhecidos, sobretudo a padawan Ahsoka Tano. Se você ainda não viu (como eu não tinha visto), vale a pena conhecer. E se você já viu, sempre é bom dar uma revisitada, já que “recordar é viver…”.