Resenha de Filme - 13 Minutos

Treze Minutos. Por um Triz.
Um excelente filme alemão em nossas telonas. “Treze Minutos” é mais uma das intermináveis películas que abordam a questão da Segunda Guerra Mundial e do Nazismo. Desta vez, vai se falar de um atentado. Um atentado real, ocorrido em 1939, ano de início da guerra. E não é um atentado qualquer. É um atentado contra a vida do próprio Adolf Hitler, planejado por apenas um homem. E um atentado que quase obteve sucesso.
Vemos aqui a história de Georg Elser (interpretado por Christian Friedel), um músico que tem uma vida pacata e mulherenga. Mas tudo isso terminaria com a progressiva ascensão dos nazistas ao poder, com uma escalada de ódio e violência. E aí, todo o mundo prosaico, idílico e tranquilo de Georg cai por água abaixo. Ele tem amigos comunistas que o incitam a ir para a luta armada, mas Georg acha que a violência não resolve nada. Até que ele vê um de seus amigos ser preso e ir para um campo de concentração. Ainda, ele fica extremamente preocupado com a situação da Alemanha no contexto internacional, ao perceber a “blitzkrieg” (guerra relâmpago) de Hitler e as declarações de guerra contra seu país, o que destruiria a Alemanha. Assim, ele resolveu cortar ele mesmo o mal pela raiz e tramou um plano para assassinar Hitler com um atentado, onde explosivos seriam usados. Mas...
O filme é altamente instigante e prende a atenção do espectador do primeiro ao último segundo. Uma película alemã falando de um tema altamente espinhoso para os alemães, onde o tendenciosismo pode ser algo problemático. Se o nazismo é apresentado de uma forma branda, pode-se acusar os produtores de complacência. Se o nazismo, por sua vez, é apresentado de forma extremamente violenta, pode-se acusar os produtores de sentimento de culpa e de se carregar muito nas tintas por isso. Mas podemos dizer que essa é uma história em duas camadas. A primeira se remete ao atentado em si, à prisão de Georg e a longa sessão de interrogatórios e torturas que ele sofre por parte dos nazistas, que não acreditam em sua versão de que ele orquestrou todo o atentado sozinho. E a segunda camada é um “flash back” onde Georg se lembra de sua vida pregressa, lá no ano de 1932, quando tudo era calmo e tranquilo, até que os nazistas começaram a se fazer cada vez mais presentes em sua pequena cidadezinha. Se num primeiro momento, a impressão que se dá é a de que os interrogatórios e torturas são a coisa mais pesada da película, essa ideia se desvanece por completo quando vemos a segunda camada do filme, onde é muito mais assustador ver como o nazismo chega aos poucos, sem despertar alertas mais profundos, e paulatinamente vai envenenando corações e mentes de pessoas de bem, mostrando o verdadeiro perigo dessas ideologias autoritárias. E o pior de tudo: como essa chegada progressiva destrói vidas privadas, como pudemos ver no relacionamento de Georg e Elsa (interpretada por Katharina Schüttler), uma mulher casada que não aguenta mais as inconveniências e agressões do marido beberrão. A ligação do marido com os nazistas e a de Georg com os comunistas somente torna esse conflito ainda mais explosivo e perigoso.  

Assim, “Treze Minutos” é mais um daqueles filmes sobre temas já exaustivamente discutidos, refletidos e apresentados no cinema, que são o nazismo e a Segunda Guerra Mundial, mas que nunca esgotam o interesse. E, desta vez, tivemos vários motivos para ficarmos interessados. Em primeiro lugar, um filme sobre o nazismo feito por alemães, um tema sempre delicado para ser falado pelo próprio povo que o cometeu. Em segundo lugar, é mais uma história real que chega às telonas, sobre uma pessoa comum que pratica sozinha um atentado contra um ditador ainda ao início da guerra, quando o führer ainda era visto como uma figura divina pela maioria da população. E, em terceiro lugar, e talvez o mais importante, mostra como essas ideologias autoritárias são perigosas e envenenam progressivamente as cabeças das pessoas de bem. Um filme para se ver, ter e guardar.

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Cartaz do Filme

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Georg Elser, um músico que tem sua vida transformada pelo nazismo

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Elsa, a amante

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Amigos comunistas

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Planejando um atentado

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Dias duros na prisão

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Violentas torturas



quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Resenha de Filme - Amnésia

Amnesia. Alemanha De Anteontem, Ontem E Hoje.
Um baita filme em nossas telonas. “Amnesia”, de Barbet Schroeder, pode ser classificada como uma daquelas películas que nos acerta no estômago com muita força. Sim, esse é mais um filme daqueles que aborda a temática da Segunda Guerra Mundial e do nazismo, mas agora sob o prisma alemão. E, em síntese, podemos dizer que a história é um conflito vivo de gerações que passaram pelo trauma de ver seu país gerando um regime extremamente autoritário e assassino.
No que consiste a trama? Vemos aqui a história de Martha (interpretada por Marthe Keller), uma senhora de meia idade que vive numa casa isolada na ilha de Ibiza. Estamos no ano de 1990, um pouco depois da queda do Muro de Berlim. Martha é uma mulher de hábitos, digamos, pouco convencionais. Vive numa casa sem luz elétrica, e recusa qualquer coisa que se remeta ao seu país de origem, a Alemanha, indo desde falar o idioma pátrio até andar em fuscas ou beber vinhos alemães. Obviamente, ela sente vergonha e revolta das atrocidades cometidas pelos nazistas, sendo esse o motivo de sua aversão a tudo que seja de origem alemã. Mas, um belo dia, bate à sua porta o seu novo vizinho, o jovem alemão Jo (interpretado por Max Riemelt), um rapaz que tem como sonho ser DJ de Amnesia, a principal danceteria de Ibiza, numa época em que esse emprego era uma verdadeira novidade. Logo, logo, os dois desenvolverão uma amizade próxima e com muitas afinidades. Mas Jo ficará altamente incomodado com essa repulsa de Martha a toda e qualquer referência alemã, pois ele acredita que sua amiga não pode viver nutrindo esse ódio o tempo todo e que a Alemanha mudou depois do nazismo. Jo, que é de uma geração mais nova, e não vivenciou os horrores da guerra, prefere que seu país olhe adiante e se reconstrua. Martha acredita que isso é varrer o passado para debaixo do tapete. A coisa fica ainda mais interessante quando Jo recebe a visita de sua mãe, Elfriede (interpretada por Corinna Kirchhoff), e de seu avô Bruno (interpretado pelo polivalente Bruno Ganz). Aí, podemos ver três gerações de alemães interagindo: a que vivenciou a guerra e seus horrores, a que vivenciou a reconstrução do pós guerra e a geração mais atual, que não vivenciou tais mazelas. E esse é o momento mais marcante e forte do filme, que os “spoilers” não me permitem entrar em mais detalhes.
É muito interessante notar como essas três gerações estão interligadas e uma afeta a outra, mostrando que o fardo do nazismo é muito pesado para um país carregar. Isso somente reforça a importância de regimes e governos mais democráticos em detrimento dos regimes autoritários, que de tão nocivos, provocam traumas até em tempos de paz e liberdade. Em relação à interpretação dos atores, elas foram razoáveis, mas extremamente contidas, com muito pouca emoção. Os poucos minutos da presença de Bruno Ganz salvaram um pouco a coisa, onde ele transbordou muita simpatia, emoção e, principalmente, despertou comoção em suas memórias sobre o passado. Mas a grande mensagem é a de que, apesar de todas as mazelas que o nazismo provocou, a cultura alemã não é de se jogar fora e nos produziu muitas pérolas, do status de um Goethe, Schiller, Beethoven ou Bach. E o diálogo entre as três gerações de alemães ajuda a resgatar esse sentimento de valorização do povo alemão.

Assim, “Amnesia” é um daqueles filmes que não pode se perder, pois ele nos lança à reflexão da interação de gerações que tiveram o fardo no nazismo sobre elas e de como os indivíduos reagem e trocam experiências a respeito de tão complexa temática. Um filme para ver, ter e guardar. Programa imperdível.

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Cartaz do Filme

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Martha e Jo. Uma amizade de gerações

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Martha renega seu passado alemão

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Bruno Ganz arrebentou!!!

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Max Riemelt e Marthe Keller com o diretor Barbet Schroeder numa coletiva de imprensa

Inaugurando um Site

Olá a todos. Quero passar aqui rapidinho para dizer que estou inaugurando um novo site, o Batata Espacial. Será um outro espaço para tratar de temas culturais em geral, com uma ênfase maior em cultura nerd, mas também com espaço para literatura, crítica literária e cinematográfica, música, quadrinhos e notícias de cultura em geral. Já o Yoshiwara´s World vai continuar com a mesma pegada cinematográfica de sempre. Se você quer participar do Batata Espacial como colaborador, entre em contato com o e-mail lohseuruguai@gmail.com . Estarei esperando. Por hora, convido vocês a visitarem o site. Ele ainda está em construção, mas já funcionando. Acessem www.batataespacial.com.br . Aguardo vocês lá! Um abraço!!!